segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Yes, We can!


20 de janeiro de 2009, este é um dia tratado com muito carinho por toda a população mundial. Dia da posse do presidente eleito dos EUA, talvez seja este o mais popular de todos os presidentes norte-americanos.
Ele, conhecido e reconhecido pela frase "Yes, we can", arrebatou o coração de todo o mundo, chineses, sul-africanos, europeus...Ele é o mais novo herói, realmente o herói que o cinema sempre desenhou para ser presidente da Grande Potência.

Esta talvez seja a frase do século, exuastivamente usada por todos, a frase do presidente Barack Obama virou chaveiro, boné, fundo de tábua para bolo, tudo ao jeito peculiar dos americanos, num comércio desenfreado, apoiado integralmente pela mídia mundial.
Mídia esta que dá ênfase ao declínio de George Bush, que foi tão apoiado pela mesma na época dos grandes terrores, e hoje vende Obama como se fosse o presidente particular de cada um de nós. Quer um Obama só pra você?

A tal frase "Yes, we can" já foi capa de jornais no mundo inteiro. E a pior blasfemia deu-se quando uma TV qualquer comparou-a a célebre frase de Martin Luther King: "I have a dream".

Já substituiram Luther King, e Obama sem nem mesmo ter assinado qualquer papel na Casa Branca já é o nosso menino dos olhos.
A África clama por Obama, festas serão realizadas no mundo inteiro para comemorar sua posse. Cubanos dançam sorridentes pelo fim do embargo econômico que esperam que Obama derrube, o Oriente médio reza para Alá proteger o nosso Menino, a América Latina espera ansiosamente pela visita e pelos seus olhares ao nosso povo tão sofrido. Ele é realmente o presidente do mundo.

E tudo isso por um único motivo: Barack Obama é negro, o primeiro presidente negro dos EUA.
Negro e norte-americano. E mais que isso, negro, norte-americano e neo-liberal. É ilusão acreditar que Obama vai resolver todos os problemas do mundo, mais ainda, que ele vai contra os inteesses de seu país por ser o presidente do mundo.

A África vai continuar sedenta por comida, a América Latina continuará escrava das coorporações gigantes americanas e européias. A China e Índia continuarão a crescer absurdamente às custas da escravidão do seu povo em nome do patrão. E os governos continuarão a distribuir dinheiro público para não falir seus grandes empresários.

Obama pode ser sim diferente de todos os outros, já fez a diferença, mas a diferença talvez tenha vindo mais pelo desespero do seu povo do que pela real queda do preconceito racial.
Obama tem pela frente uma forte crise econômica do sistema liberal para resolver, e polpar os grandes empresários é a decisão tomada para esta situação desde que o mundo é mundo. E não é a cor de sua pele que vai fazê-lo mudar esta regra do jogo.

Talvez realmente ele desative Guantánamo, quem sabe consiga tirar em três ou quatro anos as tropas do Iraque, ou até mesmo passeie pelo sul da América. Mas diminuir a poluição mundial, decretar guerra às empresas que financiam a fome na África ou acabar de vez com o embargo econômico à Cuba realmente não faz parte do seu gene.

Obama é realmente para todos que estão com suas bandeirinhas em punho a personificação da frase de Luther King, mas este sonho é apenas um sonho e nós vamos acordar para a mama África, berço do nosso menino ainda morrendo de fome e sentiremos como um tiro no nosso peito a dor de ter um sonho perdido, tal qual Martin.