terça-feira, 25 de maio de 2010

Contentamento


E no fim de tudo é ele quem me faz sorrir
Independente dos meios que utiliza
Por mais que procure em outras bocas suas palavras
Outros rostos, seu sorriso
Outras mãos, os seus gestos

Uma viagem nossa, um destino imprevisto
Vontade de ficar no meio do escuro
No mato sem rumo
Mesmo assim me fará sorrir

Nessa nossa louca fuga de nós
Nesse sumiço que dói no peito
Escureço para amanhecer
Clareio para anoitecer

Conquistaremos as capitanias
O mato nunca antes tocado
Terras imaginadas
E mesmo assim não teremos um ao outro
E ainda assim sempre me fará sorrir

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O sol frio


Gosto mais do outono
Da sensação do vento batendo no peito e arrepiando as costas
O barulho das folhas secas no chão.
Perco um bom tempo pisando em cada uma, quando vejo, estou atrasado
Gosto mais do outono
Da sensação do ar frio ressecando as narinas quando entra
Da fumaça que sai da minha boca

Dizem pra eu gostar do verão
Mas se todos gostam do verão, prefiro
O outono, acolhedor
Das sopas, do chocolate quente
Dos cobertores esparramados pela cama
Gosto dos casacos, dos rostos expressando o frio
Gosto do tiritar

Sentir minhas mãos rigidas
Minha pele rasgando
Do sol frio que bate durante a tarde

Só no outono sinto meu corpo e me toco com gosto

O conteúdo do ser


E tudo segue, incansavelmente
Tento ludibriar o tempo, acelerar a panela no fogo
Conter os gastos, esquecer o orgasmo
Ai, que se fosse homem eu teria a força nos punhos para não quebrar uma taça

Sempe as quebro
Se fosse mulher, queria ser terrivelmente elegante
E no fim da noite, sentar de perna aberta e beber no gargalo
Mas sou apenas eu

Disposto a me dar
Querendo deitar e rolar
E sem coragem de simplesmente mudar.

sábado, 1 de maio de 2010

Doce

Só preciso de uma ilusão
Isso me basta
Que seja uma doce ilusão para eu me inspirar
E fingir ser realidade

Esperar que chegue, mesmo sabendo que não venha
Apenas uma ilusão
Não quero me atirar num mar de realidade
Cheio de desilusões e frustrações
Acordar com o ar seco, frio e sem vida

Quero sentir o gosto que as frutas não tem
O cheiro que não existe
O amor que não chegará

E mesmo assim me inspirar
E estar feliz

Não quero muito
Apenas uma doce ilusão
Receber um sorriso falso
Um elogio desconcertante
Um beijo que imaginarei sentir

Quero viver na espera
E ter sinceras juras
Quero a mentira, sim
Porque assim me faz bem.

Entender o que não tem explicação
Reconhecer o que é desfigurado
E amar o que não se pode ter
Apenas pela doce ilusão