sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Todas as coisas


O desespero que te leva dia após dia,
Noite após noite
Cama após cama é comovente
Mas não tenhas dó de si

Procurar em cada boca, cada cheiro, cada olhar
Nuance dos pelos
Formato dos narizes
Em cada centímetro de corpo

E ainda assim seguirá
Olho pele boca
Dente mão barriga
Cheiro pelo cabelo
Ouvido nuca dedo
Braço pau pé bunda
Sorriso coração lágrima

Vazio

Copo

Cinzeiro

terça-feira, 20 de julho de 2010

Dias


Incompreensivelmente estou aqui
Perdido em mim mesmo
Achando-me em outros olhos que nego
Aiai mediocridade, esta que me assola
Um piscar de olhos pode ser suficiente para
Perceber a irrelevância das coisas
E no outro piscar, torna-se tudo
Inegavelmente relevante.

Saiam de mim
Deixem-me aqui
Não, não é em tom depressivo, é um tom egoísta mesmo
Cansam-me com sua estupidez
Falsos moralismos e ideologias
E há momentos em que a amoralidade e o vácuo
que um cérebro sem ideologia conserva
Me incomodam de forma surpreendente.

Não pretendo ser legal, apesar de parecer
Não pretendo amar, apesar de sofrer
Quero mais é te enganar e me enganar
Afinal, o mundo é uma ilusão
Iludamo-nos

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Me diga

Havia começado na mente um belo texto para acompanhar a canção. Mas, primeiro precisava chegar em um computador.
Eis que cheguei no trabalho e infelizmente o espírito da mediocridade que paira sobre este lugar me fez esquecer das belas palavras bem ligadas entre si. Portanto vai só a música:

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Frases da noite passada II


"Deixe em paz meu coração, que ele é um pote até aqui de mágoa"

Belíssima letra de Chico, solta quase impensadamente num momento de pura descontração e felicidade.
Talvez existisse seriedade nas palavras ditas, mas quem se importa?
O que aprendi foi:

Não pode se passar por essa vida sem plantar uma árvore, quebrar um dedo, andar de bicicleta e pedir alguém em casamento.

E se for pedir alguém em casamento, que seja sem esperanças e sem amor. Assim o 'não' será belo e bom de relembrar, afinal, quantas vezes você levou um fora com uma letra de Chico?

E a vida continua bela e perfeita, a gente é que a desmerece.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Contentamento


E no fim de tudo é ele quem me faz sorrir
Independente dos meios que utiliza
Por mais que procure em outras bocas suas palavras
Outros rostos, seu sorriso
Outras mãos, os seus gestos

Uma viagem nossa, um destino imprevisto
Vontade de ficar no meio do escuro
No mato sem rumo
Mesmo assim me fará sorrir

Nessa nossa louca fuga de nós
Nesse sumiço que dói no peito
Escureço para amanhecer
Clareio para anoitecer

Conquistaremos as capitanias
O mato nunca antes tocado
Terras imaginadas
E mesmo assim não teremos um ao outro
E ainda assim sempre me fará sorrir

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O sol frio


Gosto mais do outono
Da sensação do vento batendo no peito e arrepiando as costas
O barulho das folhas secas no chão.
Perco um bom tempo pisando em cada uma, quando vejo, estou atrasado
Gosto mais do outono
Da sensação do ar frio ressecando as narinas quando entra
Da fumaça que sai da minha boca

Dizem pra eu gostar do verão
Mas se todos gostam do verão, prefiro
O outono, acolhedor
Das sopas, do chocolate quente
Dos cobertores esparramados pela cama
Gosto dos casacos, dos rostos expressando o frio
Gosto do tiritar

Sentir minhas mãos rigidas
Minha pele rasgando
Do sol frio que bate durante a tarde

Só no outono sinto meu corpo e me toco com gosto

O conteúdo do ser


E tudo segue, incansavelmente
Tento ludibriar o tempo, acelerar a panela no fogo
Conter os gastos, esquecer o orgasmo
Ai, que se fosse homem eu teria a força nos punhos para não quebrar uma taça

Sempe as quebro
Se fosse mulher, queria ser terrivelmente elegante
E no fim da noite, sentar de perna aberta e beber no gargalo
Mas sou apenas eu

Disposto a me dar
Querendo deitar e rolar
E sem coragem de simplesmente mudar.

sábado, 1 de maio de 2010

Doce

Só preciso de uma ilusão
Isso me basta
Que seja uma doce ilusão para eu me inspirar
E fingir ser realidade

Esperar que chegue, mesmo sabendo que não venha
Apenas uma ilusão
Não quero me atirar num mar de realidade
Cheio de desilusões e frustrações
Acordar com o ar seco, frio e sem vida

Quero sentir o gosto que as frutas não tem
O cheiro que não existe
O amor que não chegará

E mesmo assim me inspirar
E estar feliz

Não quero muito
Apenas uma doce ilusão
Receber um sorriso falso
Um elogio desconcertante
Um beijo que imaginarei sentir

Quero viver na espera
E ter sinceras juras
Quero a mentira, sim
Porque assim me faz bem.

Entender o que não tem explicação
Reconhecer o que é desfigurado
E amar o que não se pode ter
Apenas pela doce ilusão

terça-feira, 20 de abril de 2010

Palavras ao vento


Uma tesoura sem ponta
Um murro no peito
Um frio estreito

Um cansaço extremo
Um grito contido
Um choro previsto

É iminente!
É até lascivo.
Imcompreensível

Acordar e dormir
Chorar e sorrir
Abraçar e repelir

Não ter
Querer

Aos corações aflitos, vos digo:
"Tudo o que queres realmente é apenas a aflição,
O dia em que se por fim, em que não mais tiver esse aperto
Irás resignar a paz e procurar outra dor."

Coração
Na mão

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Meu Baú


Minha posição agora é de menino
Um menino com medo do desconhecido
Mas que não consegue
Simplesmente fingir que aquele
Baú não está ali

Ele tem tantos segredos que quero desvendar

Dentro dele, talvez exista tudo o que sempre quis
Talvez guarde ali
O mundo encantado que eu sempre sonhei existir

A felicidade eterna, a serenidade
As estrelas para iluminar meu quarto
As brincadeiras que brincava sozinho

Eu

O Baú

Olhando ele, vejo o céu
Olhando o céu, vejo ele

Aí não sinto aquele medo do céu
O medo que tinha quando era menino
Aquele tamanho todo sempre me fazia questionar:
Porque um dia tudo não acabaria?

Olhando agora para o céu me faz questionar:
Porque demorou tanto para tudo começar?

Antes de abrí-lo encosto meu ouvido nele
Para ouví-lo
Quem sabe ele me conte os seus segredos

Ele me contará se eu estiver dentro dele
E este Baú dentro de mim.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

O mundo, o céu, o eu


Tenho o mundo aos meus pés
Quase tudo o que quero
E o que não quero

Mas de que adianta o mundo aos meus pés
Se tudo o que quero é o céu?

Tenho o mundo aos meus pés
Possessivo
Criador da gravidade para assim não poder
Eu me afastar

Pois sabe bem que subiria alto
Até poder tocá-lo
Ele, o céu

Às vezes alço voo
Subo, pouco, mas subo
Tento abraçá-lo, com meus pequenos braços infantis

Rio das nuvens, jogo-as de um lado para o outro
E quando estou quase chegando nas estrelas
Como que puxado, vou ao chão

A possessão

E fico cara a cara com ele
O mundo
Sem nem saber exatamente o que quer de mim

Sem saber nada de mim
Apenas uma coisa ele sabe
Que eu não alcance o céu

Pois ele sabe que se lá, eu chegar
Jamais eu vou voltar!

Aos seus pés

O que adianta ter o mundo a seus pés
Se tudo o que quer é alcançar o céu?

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A revelia de ti


À revelia entrego-me a ti

O nosso céu, de cidade grande não é tão estrelado
Quanto este, desta cidade que te guarda
As noites são mais quentes, a lua menos brilhante

Mas a cerveja tem o gosto mais apurado.
Talvez seja meu paladar
Este que necessita tanto do líquido para lubrificar
Minhas palavras

Ao dizer teu nome minha boca seca.

Deitamos na grama, olhamos este céu cinzento
Sem estrelas
Mas dadivoso.

Então acordo

Acordo sem céu
Sem dádiva
Sem ti.

Por ora seja até melhor
Enquanto me queimo
E me derreto por você

Paixões foram feitas para serem perfeitas e vividas
Se não de forma real,
Nos sonhos noturnos
Nas bebedeiras sozinho
Nos cigarros deitado no quintal

Sabendo que também está ai deitado em seu quintal
Olhando para o mesmo céu que olho
Pensando em mim?
Fumando o mesmo cigarro
E esperando que um dia
Este céu seja tão pequeno ao ponto
De nos deixar lado a lado

Para assim falar baixinho
Ao invés de pensar
Fumar metade,
Ao invés de deixá-lo queimar só

E rir ao invés de chorar.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Aquele perfeito


Encontrar a perfeição
Uma ilusão

Ilusão que gosto de ter
Faz feliz
Faz acreditar
Faz viver

Descobrir a realidade
A imperfeição

Uma realidade
Talvez não tão dura
Talvez num nome descubra-se
A imperfeição

Imperfeição esta que de tão
Imperfeita, perfeita torna-se
JA que eu, homem
Homem imperfeito, busco nos outros
A mim

Busco eu, o eu de forma tão imperfeita como sou
Mas não quero a mim
Quero a ti

Ti, tu, você

Você, imperfeito, imperfeito da forma que só você sabe ser
Criador do seu amor
Criador dos seus sorrisos, olhares tristes e soltos
Mas perfeitos

Olhar este que é tão musical
Tão inclinado
Olhar que olha no céu e busca nele
A sua pequena existencia

Existência sem importância
Sem importância e imperfeita
Mas necessária

Necessária para inventar um amor
Um amor em mim e em você
Necessária para as noites chuvosas

Necessária porque tu és exatamente o que é
O que esperei, o que sonhei
A minha perfeição

Necessária pra nós
De nós
E por nós

terça-feira, 2 de março de 2010

Nossa fidelidade


Filmes, livros, textos e outras coisas tratam sobre a fidelidade e lealdade. A diferença entre as duas coisas é uma linha tênue, quase imperceptível, mas que faz muita diferença.
Ser fiel à alguem é algo impossível,mesmo quando nos forçamos a viver com essa moral. Não é apenas ser fiel sexualmente falando. É ser fiel aos princípios, às rersponsabilidades assumidas em conjunto, ao dia-a-dia.
Lealdade já é diferente. É uma fidelidade livre, tem a escolha de se fazer viver com o outro, mais uma vez, independe de sexo, mas com a liberdade de ir e vir, de contrapor argumentos e buscar outros parceiros em áreas mil.
A infidelidade é um fato em pouco tempo. A deslealdade é a prova da falta de carater iminente.
Indiscutivelmente nós procuramos lealdade, nomeando de fidelidade e confundindo as suas características. Não mais erremos.
A opção é se fazer fiel a si mesmo e leal a quem nos faz bem.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Carnavália


Me guardei pra quando o carnaval chegar,
Um dia ele chegou, todo mundo pulou
E minha fantasia não ficou pronta,

Chorei sozinho vendo o bloco passar.