quarta-feira, 4 de março de 2009

Crianças


Até quando podemos ser crianças?
Formalmente até os doze anos, daí para frente vira-se adolscente, seguindo nesta fase até os dezoito anos, assistido pelo ECA(Estatuto da criança e do adolescente).
Mas quando chegamos à fase adulta deixamos realmente de ser crianças?

Quando temos quinze anos, tudo o que queremos é chegar aos dezoito, e nunca acreditamos que chegaremos aos vinte e seis. Parece ser uma distância inimaginável.

Um dia acordo, olho para o meu lado e booomm!!
O mundo simplesmente desaba sobre minha cabeça, tenho quase trinta anos e muitos anos se passaram.
Mas perai...
Onde eu estava este tempo todo?
Me lembro apenas que tinha saído do colégio, ido pra casa, assistido televisão até minha mãe brigar.
Alguns relances me aparecem,
como quando me apaixonei aos dezenove,
O filho que tive com vinte,
O trabalho que consegui com vinte e dois...

Mas são vagas lembranças.
Meu rosto já não é mais o mesmo, meu corpo está modificado, mas minha cabeça- é nela que preciso acreditar-, minha cabeça é de uma menina, de uma menina que tem sonhos, anseios e desejos.
Desejos estes que nem lembro direito, pois este sono que tive foi longo e me fez esquecer de muita coisa.

Ontem eu era uma criança, que tinha minha mãe como porto-seguro, que não precisava me preocupar com contas a pagar, crises financeiras, amores, remédios emagrecedores, família.

Hoje, sou eu a mãe, sou eu o porto-seguro.
Sou eu a quem recorrerão!

E eu?
E esta menina dentro de mim?

Não consigo imaginar essa mulher em que me transformei, seja ela boa ou ruim, não sou eu, sou aquela que ficou lá atrás, que tinha vontade do novo e morria de medo da noite.

Sou aquela menina que não queria esta vida. Mas também não queria aquela outra.
Apenas o que queria e quero é ser aquela menina, aquela que ficou presa no passado, que não reconheço no espelho, mas quando fecho os olhos e penso em mim, consigo vislumbrá-la perfeitamente, da forma que sempre fui.

Quero minha vida de volta, mas em algum momento tive uma vida?

Será que quando chegar aos quarenta sentirei saudade desta de quase trinta que não reconheço hoje?

Sei que hoje sou criança, que precisa de colo tanto quanto meu filho, que preciso de afago e da luz do dia.
E não quero jamais esquecer aquela menina dentro de mim, pois ela me faz lembrar de um dia feliz e me dá esperanças de me enfrentar diariamente.


À Viviane, com amor.

3 comentários:

Claudia Regina Mel disse...

Sejamos Adultos crianças!!

::Carol:: disse...

eternas crianças, porem responsáveis... assim a vida fica mto mais colorida!

Lau Cris disse...

terei muito tempo pra ser velha... depois que morrer